terça-feira, 24 de maio de 2011

LENDA DA MATINTA PERERA

A Matinta Perêra é uma mulher fadada a cumprir sua pena ou fado, e se quisermos conhecê-la basta dizer “vem buscar tabaco” e no dia seguinte, mal amanhece o dia já está a mulher na sua porta esperando o prometido no caso o tabaco.
Certo pescador contava que certa noite ia despescar o seu curral quando uma Matinta-perêra assoviou bem perto dele, e ele com muito medo correu, a matinta-perera tornou assoviar e ele correu mais um pouco, ela assoviou pela terceira vez e ele correu mais um pouco e já cansado disse “amanhã vai na minha casa buscar tabaco”, e no outro dia bem cedinho estava a mulher cobrando o tabaco, e ele então disse: Mulher, tu me fizeste tanto medo e ainda vens em minha porta pedir tabaco.


A MATINTA PERERA


Autor: tiomigamarajo





Há muitos anos atrás era comum se falar de uma mulher que usava blusa branca, saia preta, cabelos grande, ela aparecia altas horas da noite para assustar os nativos de Soure.


Tudo começou quando Dona Margarida, cega pela ambição teve uma idéia e resolveu apelar para as forças ocultas.

Pensou com seus botões: Já sei... Vou lá com a Dona Mariquinha.

Chegando lá Margarida fez seu choro para Dona Mariquinha.

Margarida: To no maior perrengue! Sem namorado!

Disse Mariquinha
: Ó filinha! Eu vou ajudar você, venha aqui amanhã à meia-noite trazendo com você o sangue do bode preto, pena de urubu, e cachaça...


Exatamente a meia-noite, Margarida foi ao encontro de Dona Mariquinha.

Dona Mariquinha perguntou:
Trouxe tudo material, minha filha?

Respondeu Margarida: sim! Ta tudo aqui...

Mariquinha falou: Vamos ao ritual.

Margarida disse: Vamos!

Dona Mariquinha perguntou a Margarida se ela topava tudo e ela topou.



Só que ela não sabia ou não tinha noção de que ela iria pagar um preço...
Isso mesmo... Ela foi condenada, a transformar-se todas as sextas-feiras em uma criatura de aparência horrorosa capaz de assustar qualquer um que encontrasse com ela.

Em uma sexta-feira ela saiu para assustar...



Margarida começou: Fiiiuuuuuu... Fiiiuuuuuu...

Com esse assovio, que era sua marca, ela se apresentava.

Enquanto isso estava em uma rua da cidade, um casal de namorados.



O namorado falou:
Ritinha, Já está tare pra caramba!

Ela respondeu, Antônio égua é mesmo...

Os dois se despediram, e Ritinha seguiu para sua casa com seus pensamentos, imaginando o que poderia acontecer.


Quando, derrepente ela escutou um assovio.


E o inesperado aconteceu... Ritinha deu de cara com a Matinta Perera.


Ritinha teve coragem e gritou: Vem buscar tabaco amanhã!





No dia seguinte, Margarida foi à casa de Ritinha para buscar tabaco.

E falou: Ritinha você tem um pouco de tabaco para me dar?

Ritinha: Tenho sim... Tome!

Ritinha ficou pensativa... Será que a Matinta é a Doma Margarida? Ou foi só coincidência?

E ficou aquela dúvida no ar... Na verdade ninguém sabia quem era a Matinta Perêra.

sábado, 14 de maio de 2011

A EXTRAÇÃO DO CARANGUEJO

A extração do caranguejo no município de Soure ocorre em uma área entrecortada de praia e manguezais, que abrange a costa de Soure, compreendendo Garrote, Araruna, Pesqueiro, Cajuúna, Turé, Tarumã, Santa Rosa, Cambú, Ver-o-Mar, Boi Gordo, Pepéua, Ponta Fina, Maguarizinho.

O trabalho do catador de caranguejo é regido em função da maré, é ela que determina seu horário de trabalho, ou seja, obedecendo ao sistema de enchentes e vazantes (entrada ou saída da maré do mangue), geralmente o carangueijeiro prefere mais o horário da manhã para iniciar o trabalho de captura de carangueijo, quando isso ocorre, os preparativos começam a partir das quatro da manhã, ele passa a preparar seus apetrechos de trabalho que são constituídos de: peras ou sacas, gancho (constituído de vergalhão grosso), cavador (feito de madeira), querosene ou óleo queimado, cigarro e o calão.

O caranguejeiro para poder adentrar no seu local de trabalho realiza o ritual de todos os dias, começa primeiramente a passar no corpo o óleo queimado ou querosene, serve para afastar os insetos como muriçoca, maruim, e carapanã. Coloca também o seu amuleto que é o dente do jacaré-açu, este serve como proteção contra picadas de cobras muitas vezes são encontradas no buraco do carangueijo por último pede a proteção de Deus, através de orações, após todo esse ritual, o profissional inicia a captura do carangueijo passando de 10 a 11 horas no mangue sendo que todos os dias eles repetem essa prática na busca do carangueijo-uçá, sua principal fonte de sobrevivência.

O catador de carangueijo, quando vai acompanhado dos filhos ou dos companheiros de profissão, ao entrar no mangue se separam, depois de algumas horas começam a se comunicar através de sons. Estes sons possuem identificações: o primeiro é para perceber a localização dos companheiros, eles utilizam este som: hiii segundo eles é para não espantar os carangueijos e saber o rumo que seu colega está localizado; o segundo som:
hiii hiii para dizer que já estão retornando para suas casas,

chegando do seu trabalho dão início a venda de sua produção, ou deixando armazenado nas peras para posteriormente vender no mercado local
no dia seguinte, ou esperam o intermediário para a comercialização, só depois que eles vão realizar as suas refeições do dia. E assim é o seu cotidiano




Segundo os caranguejeiros, os períodos em que os carangueijos estão magros são os meses que possuem a lera R, que são os meses de janeiro, fevereiro, março, abril, setembro, outubro, novembro, dezembro e os meses que não possuem letra R, maio, junho, julho e agosto, os carangueijos estão gordos.

FONTE:TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCC) ANO 1999

ÂNGELA MARIA SANTOS OLIVEIRA
MARISBEL SARMENTO CASTRO
MIGUEL BEZERRA

terça-feira, 10 de maio de 2011

AÇAIZEIRO

O açaizeiro é um recurso típico do arquipélago, principalmente nas áreas de florestas de várzeas. Seu período de frutificação varia muito de lugar para lugar, havendo caso em que ao longo de um mesmo rio ocorrem mais de uma safra por ano. Seu fruto é muito aproveitado para a fabricação de “vinho de açaí”, cujo consumo entra tradicionalmente na alimentação da população regional. Por outro lado, a árvore fornece matéria-prima para as indústrias de palmito.
O fruto do açaí somente passou a ser explorado comercialmente nas últimas duas ou três décadas. Com o aumento considerável do consumo nas grandes cidades, houve, em igual medida, o crescimento da demanda pelo fruto do açaí, o que estimulou os ribeirinhos, que até então somente produziam para o próprio consumo,
a investir manejo dos açaizais para produção de fruto. Dessa forma, a exploração dos açaizais veio a se tornar altamente lucrativo para aqueles que a praticavam. Atualmente, grande parte da população ribeirinha do arquipélago ocupa-se com esta a atividade que é considerada como uma das mais rentáveis.


segunda-feira, 2 de maio de 2011

"LEVANTE DO CUNHA" A REVOLTA POPULAR DOS PESCADORES EM SOURE

Maio de 1958 ocorreu o primeiro de revolta popular no município de Soure. Há tempos, na enseada do Mata Fome, próximo a foz do rio Paracauari, pescadores sentavam seus currais para pegarem peixes ou suas canoas para pescarem em alto mar. Acontece, que os pescadores com a obrigação de despesca a armadilha na baixa mar ou saírem para aventura no mar, passavam por umas terras pertencentes a Prefeitura Municipal de Soure e devido o constante vai-e-vem de pessoas pelas mesmas , o caminho possuía uma profundidade de 50 centímetros.
Um português de nome José Gonçalves da Cunha, proprietário de um comércio na 1ª rua, conseguiu junto ao Prefeito Municípal de Soure, dois lotes de terras, na praia de Mata Fome, justamente por onde cortava o único acesso dos pescadores das redondezas. O português devido à idade e cansado do comércio, foi fixar moradia com esposa á senhora Maria Cunha nas ditas terras adquiridas junto ao órgão municipal.

Nas terras, o casal português mandou construir uma bela casa de moradia e cercou toda a extensão da área que lhe pertencia, deixando somente dois portões para que os homens do mar fizessem seu caminho. Despreocupados, o casal passou criar uma variedade de animais domésticos.
Com o movimento constante de pescadores por sua valorizada terra “Cunha” como era conhecido, observou que aquilo não estava correto, passou implicar com os pescadores. Já que os mesmos, além de passarem, ainda levavam em sua companhia, o seu amigo inseparável, o cachorro vira-lata, quando passavam pelo cercado corriam atrás dos animais do português.

A resposta do “Cunha” foi nos cachorros, sempre aparecia um morto,também aturava os desaforos de alguns pescadores exaltados.
Inconformado com o que vinha ocorrendo em suas terras, vai o seu “Cunha” até ao Juiz de Direito da Comarca de Soure, e relata o acontecido em suas terras. Confiante que resolvera a questão, imediatamente, a autoridade mandou afixa o seguinte aviso “Interdito Improibitório”, o que não agradou a classe de pescadores.

Os pescadores com o extinto de prevalecer o mais forte, com uma atitude de receita ou talvez para prevalecer os seus direitos, desrespeitaram o aviso, continuaram passar normalmente pelas terras do “Cunha”, proporcionando uma nova investida do português buscando o apoio do Juiz de Direito.
O juiz, acatou inclusive a idéia do senhor “CUNHA, de construir uma espécie de corredor polonês, mandou abrir uma vala de aproximadamente 3 metros de largura por 2 de profundidade e na extremidades levantou uma cerca de arame farpado, justamente onde passava o caminho, e alguém tirou a cerca, enrolando-a e colocando-a as proximidades da vala dentro do mato.
Novamente o “CUNHA” visitou o juiz para relatar o ocorrido com a cerca o meritíssimo autoriza o delegado de Soure, popularmente conhecido como “Sete língua” para verificar o caso.

Sem procurar buscar os verdadeiros cúmplices daquela atitude, a autoridade policial pensando que ia acabar com a intriga, prendeu inocentes pescadores, os familiares e colegas dos pescadores presos ao saberem da prisão, juntaram aproximadamente umas 600 pessoas, algumas armadas de foices, machados, terçados, e paus. Rumaram para as terras do “CUNHA” onde destruíram a cerca do terreno.
Seguiram caminho rumo a prefeitura municipal de Soure, onde justamente funcionava o Fórum do município. Quando chegaram a frente ao prédio municipal, estavam os dois prisioneiros prestando depoimento ao juiz de direito.
O pessoal não esperou, invadiu a sala que funcionava o gabinete do meritíssimo, retirando os depoentes das mãos da autoridade. Nesse instante foi dado uma terçadadas no balcão de recepção do prédio.

Não conformados saíram a procura de seu principal alvo, o delegado de polícia “Sete Língua”. Acontece que essa autoridade havia saído no único carro que existia na cidade, um jipe, para o campo de pouso apanhar um pecuarista que tinha muito prestígio na cidade que havia chegado de avião. Os pescadores confrontaram-se com o veículo, bloquearam a estrada, retiraram o delegado as forças, do volante do jipe, estenderam ao chão, prontos para matarem a machado, foice e terçado, foi quando houve a interferência do pecuarista.
Ânimos exaltados, nervos a flor-da-pele, não havia meios de controlar a situação de revolta.Foi solicitado reforço policial ao governador do estado,através do prefeito de Soure.

O governador do Estado imediatamente enviou pelo “Navio Presidente Vargas” um destacamento da polícia militar, para acabar em definitivo e em pouco tempo com o levante dos pescadores em Soure.
Os policias na cidade marajoara, arbitrariamente, prenderam as esposas e filhos. Mas o alvo principal estava embrenhado nas matas aos arredores da cidade.
O presidente da colônia de pescadores e demais membro da diretoria, buscaram meios para resolver o caso pacificamente, resistiam suas posições perante as autoridades e mostravam os direitos dos pescadores, o que proporcionou-lhes suas prisões, como o caso do presidente da colônia que passou nove meses preso.

As doações chegaram de Belém aos familiares dos pescadores, eram enviadas da casa Caça e Pesca. Alguns pescadores se encontravam presos na mão da polícia, outros estavam sendo caçados como fera, enquanto a maioria estava escondida no retiro Palharal onde tiveram total cobertura de seu proprietário Senhor Neco.
Com isso, entra em cena pessoas de grande influência na cidade em favor dos pescadores, como o candidato a Deputado Estadual Mário Cardoso, enteado de pescador.

Sabedor do ocorrido na Ilha de Marajó, o Presidente da Republica , assinou decreto desapropriando as terras do senhor “Cunha” entregando novamente ao município. A própria população do município sabedora da autorização, passou completar as ruas e travessas, com foices e machados.