Maio de 1958 ocorreu o primeiro de revolta popular no município de Soure. Há tempos, na enseada do Mata Fome, próximo a foz do rio Paracauari, pescadores sentavam seus currais para pegarem peixes ou suas canoas para pescarem em alto mar. Acontece, que os pescadores com a obrigação de despesca a armadilha na baixa mar ou saírem para aventura no mar, passavam por umas terras pertencentes a Prefeitura Municipal de Soure e devido o constante vai-e-vem de pessoas pelas mesmas , o caminho possuía uma profundidade de 50 centímetros.
Um português de nome José Gonçalves da Cunha, proprietário de um comércio na 1ª rua, conseguiu junto ao Prefeito Municípal de Soure, dois lotes de terras, na praia de Mata Fome, justamente por onde cortava o único acesso dos pescadores das redondezas. O português devido à idade e cansado do comércio, foi fixar moradia com esposa á senhora Maria Cunha nas ditas terras adquiridas junto ao órgão municipal.
Nas terras, o casal português mandou construir uma bela casa de moradia e cercou toda a extensão da área que lhe pertencia, deixando somente dois portões para que os homens do mar fizessem seu caminho. Despreocupados, o casal passou criar uma variedade de animais domésticos.
Com o movimento constante de pescadores por sua valorizada terra “Cunha” como era conhecido, observou que aquilo não estava correto, passou implicar com os pescadores. Já que os mesmos, além de passarem, ainda levavam em sua companhia, o seu amigo inseparável, o cachorro vira-lata, quando passavam pelo cercado corriam atrás dos animais do português.
A resposta do “Cunha” foi nos cachorros, sempre aparecia um morto,também aturava os desaforos de alguns pescadores exaltados.
Inconformado com o que vinha ocorrendo em suas terras, vai o seu “Cunha” até ao Juiz de Direito da Comarca de Soure, e relata o acontecido em suas terras. Confiante que resolvera a questão, imediatamente, a autoridade mandou afixa o seguinte aviso “Interdito Improibitório”, o que não agradou a classe de pescadores.
Os pescadores com o extinto de prevalecer o mais forte, com uma atitude de receita ou talvez para prevalecer os seus direitos, desrespeitaram o aviso, continuaram passar normalmente pelas terras do “Cunha”, proporcionando uma nova investida do português buscando o apoio do Juiz de Direito.
O juiz, acatou inclusive a idéia do senhor “CUNHA, de construir uma espécie de corredor polonês, mandou abrir uma vala de aproximadamente 3 metros de largura por 2 de profundidade e na extremidades levantou uma cerca de arame farpado, justamente onde passava o caminho, e alguém tirou a cerca, enrolando-a e colocando-a as proximidades da vala dentro do mato.
Novamente o “CUNHA” visitou o juiz para relatar o ocorrido com a cerca o meritíssimo autoriza o delegado de Soure, popularmente conhecido como “Sete língua” para verificar o caso.
Sem procurar buscar os verdadeiros cúmplices daquela atitude, a autoridade policial pensando que ia acabar com a intriga, prendeu inocentes pescadores, os familiares e colegas dos pescadores presos ao saberem da prisão, juntaram aproximadamente umas 600 pessoas, algumas armadas de foices, machados, terçados, e paus. Rumaram para as terras do “CUNHA” onde destruíram a cerca do terreno.
Seguiram caminho rumo a prefeitura municipal de Soure, onde justamente funcionava o Fórum do município. Quando chegaram a frente ao prédio municipal, estavam os dois prisioneiros prestando depoimento ao juiz de direito.
O pessoal não esperou, invadiu a sala que funcionava o gabinete do meritíssimo, retirando os depoentes das mãos da autoridade. Nesse instante foi dado uma terçadadas no balcão de recepção do prédio.
Não conformados saíram a procura de seu principal alvo, o delegado de polícia “Sete Língua”. Acontece que essa autoridade havia saído no único carro que existia na cidade, um jipe, para o campo de pouso apanhar um pecuarista que tinha muito prestígio na cidade que havia chegado de avião. Os pescadores confrontaram-se com o veículo, bloquearam a estrada, retiraram o delegado as forças, do volante do jipe, estenderam ao chão, prontos para matarem a machado, foice e terçado, foi quando houve a interferência do pecuarista.
Ânimos exaltados, nervos a flor-da-pele, não havia meios de controlar a situação de revolta.Foi solicitado reforço policial ao governador do estado,através do prefeito de Soure.
O governador do Estado imediatamente enviou pelo “Navio Presidente Vargas” um destacamento da polícia militar, para acabar em definitivo e em pouco tempo com o levante dos pescadores em Soure.
Os policias na cidade marajoara, arbitrariamente, prenderam as esposas e filhos. Mas o alvo principal estava embrenhado nas matas aos arredores da cidade.
O presidente da colônia de pescadores e demais membro da diretoria, buscaram meios para resolver o caso pacificamente, resistiam suas posições perante as autoridades e mostravam os direitos dos pescadores, o que proporcionou-lhes suas prisões, como o caso do presidente da colônia que passou nove meses preso.
As doações chegaram de Belém aos familiares dos pescadores, eram enviadas da casa Caça e Pesca. Alguns pescadores se encontravam presos na mão da polícia, outros estavam sendo caçados como fera, enquanto a maioria estava escondida no retiro Palharal onde tiveram total cobertura de seu proprietário Senhor Neco.
Com isso, entra em cena pessoas de grande influência na cidade em favor dos pescadores, como o candidato a Deputado Estadual Mário Cardoso, enteado de pescador.
Sabedor do ocorrido na Ilha de Marajó, o Presidente da Republica , assinou decreto desapropriando as terras do senhor “Cunha” entregando novamente ao município. A própria população do município sabedora da autorização, passou completar as ruas e travessas, com foices e machados.
Essa história é extraordinária!!!!!!
ResponderExcluirESSA HISTÓRIA É EXTRAORDINÁRIA!!!!!!!
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